Repudiamos a ameaça de demissão de Bárbara Della Torre, trabalhadora do Hospital Universitário da USP

Servidora sofre perseguição política por lutar por condições seguras de atendimento à população; Bancada do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo assina a nota de repúdio

27 ago 2021, 15:49 Tempo de leitura: 2 minutos, 39 segundos
Repudiamos a ameaça de demissão de Bárbara Della Torre, trabalhadora do Hospital Universitário da USP

Veja a nota na integra abaixo.

Repudiamos a ameaça de demissão de trabalhadora da saúde por lutar por condições seguras para atender a população na pandemia

A USP, pela via do Superintendente do Hospital Universitário (HU), Prof. Paulo Francisco Ramos Margarido, abriu um processo administrativo disciplinar contra Bárbara Della Torre, trabalhadora do Hospital Universitário e representante dos funcionários no Conselho Universitário da USP. Bárbara, assim como milhares de mulheres trabalhadoras da saúde, esteve na linha de frente durante toda a pandemia para atender a população, que sofre com mais de 577 mil mortes em nosso país. A USP a ameaça de demissão por ter sido parte de uma ampla campanha, levada adiante por dezenas de entidades como o SINTUSP, ADUSP, SIMESP, Coletivo Butantã na Luta de moradores da região, e entidades estudantis, em defesa de condições seguras de trabalho para todas as trabalhadoras e trabalhadores do hospital para que pudessem, nas condições adversas da pandemia, atender à população e defender a vida.

Vendo colegas adoecerem e morrerem de Covid-19, uma campanha pela saúde dos servidores do HU tomou caráter de urgência e envolveu vários setores do HU e da comunidade, incluindo a Bárbara. Supostas “provas” levantadas contra ela são declarações em defesa da garantia de EPIs para os trabalhadores do hospital – como as máscaras, que não eram fornecidas para todos durante os primeiros meses da pandemia -, pela liberação dos trabalhadores pertencentes a grupos de risco, como mulheres grávidas, e sua reposição com a contratação emergencial de mais trabalhadores, para permitir a volta do pleno funcionamento do HU e garantir o atendimento da população.

Há também uma alegação de que “saiu do posto de trabalho sem autorização” por 30 minutos, em busca de máscaras para seus colegas. Com isso, é acusada de “mau procedimento, indisciplina, insubordinação, e ato lesivo da honra e da boa fama contra o empregador e superiores hierárquicos”, de “desestabilizar o ambiente de trabalho e causar tumulto”, e foi abertamente ameaçada de demissão por justa causa. Trata-se de um processo de clara perseguição política, com atitudes antissindicais, uma vez que Bárbara, além de representante dos funcionários no CO, é diretora de base do Sintusp, com claro propósito de intimidação e censura.

Essas demandas foram levantadas também por dezenas de parlamentares, intelectuais, por congregações de unidades da USP, e reconhecidas pelo próprio Ministério Público do Trabalho. Portanto, esse ataque a uma trabalhadora da saúde, militante de base do Sindicato de Trabalhadores da USP, atinge todas e todos que apoiam não somente a defesa de condições seguras para trabalhar e para oferecer atendimento de saúde a toda a população, mas também a defesa da liberdade de expressão, pensamento e organização.

Assim, nós, abaixo-assinados, repudiamos veementemente esse processo, a tentativa de qualquer punição, e nos manifestamos para que a reitoria da USP e o superintendente do HU-USP providenciem sua imediata anulação.