Não há democracia com racismo: nota pública contra ataques racistas à assessoria da vereadora Jussara Basso

Os assessores foram constrangidos pelo vereador Xexéu Tripoli (PSDB) durante o uso do "elevador privativo" da Câmara Municipal de São Paulo

12 abr 2023, 16:28 Tempo de leitura: 1 minuto, 53 segundos
Não há democracia com racismo: nota pública contra ataques racistas à assessoria da vereadora Jussara Basso

Os servidores Luiz da Silva (Chefe de Gabinete) e Alexandre de Souza (assessor parlamentar), dois homens negros e assessores da vereadora Jussara Basso, foram constrangidos pelo vereador Xexéu Tripoli (PSDB) durante o uso do elevador da Câmara Municipal de São Paulo na última quarta-feira (5/4).

Luiz e Alexandre acompanhavam a parlamentar, que desceu em outro andar, quando foram grosseiramente abordados enquanto prosseguiram o trajeto. Xexéu Tripoli não achou suficiente demonstrar incômodo com a presença dos trabalhadores no elevador, e foi além. Em tom de deboche questionou mais de uma vez se eles “eram vereadores”, chegou a estender os braços tentando impedir o acesso, ocasião em que pronunciou de modo agressivo a seguinte frase: “vai acabar a bagunça”.

O uso do chamado “elevador privativo” por chefes de gabinete é costumeira, sobretudo se acompanhados pelos parlamentares ou em situações de urgência e/ou morosidade dos outros elevadores. Inclusive, durante este mesmo trajeto, outros dois chefes de gabinete, acompanhados dos respectivos parlamentares, adentraram ao elevador e foram recepcionados com piadas e descontração. A indignação do vereador tem uma motivação amparada na desumanização das pessoas negras, que não são aceitas em espaços que não sejam de subalternização.

Para Jussara Basso, as dimensões estruturais do racismo são evidentes neste episódio: “A violência não é só uma atitude física, mas também se expressa em símbolos e linguagens que colocam a comunidade negra sempre em condições de inferioridade. A mandata vai entrar com uma representação na Corregedoria da Casa e tomar outras medidas cabíveis em repúdio a atos discriminatórios de cunho racial, bem como falta de urbanidade e respeito com os trabalhadores”, afirma.

Declaramos nossa irrestrita solidariedade aos assessores. A sociedade que desejamos é a que reconhece o legado histórico e a relevância da população negra na construção e desenvolvimento deste município. Reiteramos aqui que nosso compromisso com a construção de uma cidade justa, igualitária e realmente democrática passa, necessariamente, pelo aumento da representação de negras e negros nos espaços de poder.

Seguimos existindo, resistindo e reagindo! Racistas não passarão!